REFRÃO DE BOLERO – Análise da Música

Refrão De Bolero – Grande Música do Engenheiros do Hawaii

Eu que falei nem pensar,

Agora me arrependo, roendo as unhas,

Frágeis testemunhas de um crime sem perdão”

Quem nunca falou sem pensar que atire a primeira pedra! Escreveu algo em um torpedo e queria morrer de arrependimento no dia seguinte (Bitch!). Arrependeu-se e já não tinha como voltar atrás porque a palavra falada (ou escrita) não tem retorno e somente ficam as unhas sendo dilapidadas e roídas num ato desesperado de fraqueza… pois não há perdão aos que falam sem pensar, não é verdade?

Esta canção do Engenheiros traz uma vertente dos amores perdidos por se falar demais e depois martirizados com o arrependimento de não se poder fazer nada para reverter o processo.  Desejo escrever um pouco sobre esta canção e falar um pouco desses amores que vêm e vão, ao sabor de vontades transitórias.

Mas eu falei ‘nem pensar’

Coração na mão, como um refrão de bolero,

Eu fui sincero como não se pode ser”

 

 

            Quando falamos ao outro nem pensar devemos estar preparados para um rejeição que não tem tamanho, pois quem ouve sente na pele a dor da rejeição que vai querer aplicar dez vezes mais no outro em caso de arrependimento (salvo os casos em que a pessoa ainda ama a outra). Carrega-se o coração na mão como um refrão de bolero, repetitivo, grudento na mente. Indelével e inesquecível, que rodopia e nos deixa tontos. Ser sincero como não se pode ser não é mais uma obrigação e sim uma opção. Amar tem seus custos.

“Um erro assim tão vulgar,

Nos persegue a noite inteira e

Quando acaba a bebedeira,

Ele consegue nos achar”

 

 

            Sempre disseram que as musicas sertanejas é que levam as pessoas aos bares para porres homéricos e bebedeiras sem sentido. O Engenheiros mostra que isso não é verdade e que até apaixonados da MPB ou roqueiros podem se sentir assim, órfãos de um amor em que perderam sem razão, por falarem demais. O ciúme fora de hora que sempre deixa seus rastros, o erro sempre consegue nos encontrar quando estamos mais fragilizados.

“Num bar, com um vinho barato

Um cigarro no cinzeiro, e

Uma cara embriagada no espelho do banheiro”

 

De novo a temática da dor do amor que não tem jeito. Vinho barato, cigarro mal queimado e a cara amassada com a boca com gosto de corrimão de rodoviária… tão típicos de quem sofre de amor.

“Teus lábios são labirintos,

Que atraem os meus instintos mais sacanas,

E o teu olhar sempre distante, sempre me engana,

“Eu entro sempre na tua dança de cigana”

A perda do amor nos faz perdidos tal como em um labirinto, que nos atrai como um canto de sereia, incitando os desejos mais secretos e ‘sacanas’.  O olhar da sereia  que chama o amado perdido, mas só traz a dor da perda e o consumo da alma, pois não pode mais voltar a ser o que era. A dança da cigana que nos engana, chama, leva a pessoa que falou nem pensar no inicio a ficar tonta, perdida e passível de sofrer ainda mais.

Como não sofrer um pouco de cada amor perdido nesta vida ao se ouvir esta canção… benditos gaúchos do Engenheiros que nos premiam com a célebre frase “ É o fim do mundo todo dia da semana” para demonstrar que não há folga para quem sofre de amor.

Abraços e outras quimeras

Iv o Di Camargo Junior

2 comentários Adicione o seu

  1. murylo disse:

    muito bom, excelente análise !

  2. Julya disse:

    Pois eu vejo mais como traição, cometida pelo autor.

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